O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, perde um aliado estratégico em Donald Trump, mas estende a mão para o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, que despertou certa esperança entre os palestinos depois de anos de hostilidade com o bilionário republicano.
O reconhecimento de Jerusalém como a capital de Israel, apoio à colonização israelense na Cisjordânia ocupada, bênção à anexação do Golã e mediação para a normalização entre Israel e os países árabes são marcas que Donald Trump deixou em favor de Israel.
Netanyahu, que chamou Donald Trump de “o melhor amigo de Israel na Casa Branca”, agradeceu-o neste domingo (08/11/2020) por levar o relacionamento bilateral “a novos patamares”.
Mas, ao mesmo tempo, virou a página ao convidar, em um tom amigável, Joe Biden para fortalecer ainda mais esse relacionamento.
“Joe, nos conhecemos há quase 40 anos, nossa relação é cordial e sei que você é um grande amigo de Israel (…) espero poder, com vocês dois (Biden e sua companheira de chapa Kamala Harris), aprofundar ainda mais a aliança especial entre os Estados Unidos e Israel”, escreveu Netanyahu no Twitter.
Porém, as autoridades eleitas israelenses temem o surgimento de uma nova geração, considerada menos favorável, senão hostil, ao Estado hebreu dentro do Partido Democrata, e um abrandamento sob Joe Biden da política americana em relação ao Irã, o inimigo declarado de Israel.
As relações entre democratas e Israel deterioraram-se com Barack Obama, principalmente após o acordo nuclear com o Irã, posteriormente esmagado por Donald Trump, que também restaurou as sanções econômicas contra a República Islâmica.
Joe Biden vai tentar reviver este acordo? “A probabilidade é muito alta”, responde Michael Oren, ex-embaixador israelense em Washington.
Nos últimos meses, três países árabes, incluindo os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein, que compartilham com Israel a animosidade em relação ao Irã, normalizaram as relações com Tel Aviv, sob o patrocínio de Washington.
Se Joe Biden iniciar um diálogo com o Irã, o que acontecerá com esses acordos? “Os iranianos vão dizer o seguinte: não se pode ao mesmo tempo negociar conosco e estender uma coalizão que é contra nós”.
Para Michael Oren, “a grande questão é saber até que ponto o governo americano se engajará nesses acordos”, descritos como “traição” pelos palestinos.
Na Cisjordânia ocupada, o presidente palestino Mahmoud Abbas disse que estava “ansioso para trabalhar” com a equipe de Biden para “melhorar” as relações EUA-Palestina e garantir “justiça e dignidade” para os palestinos. A companheira de chapa de Joe Biden, Kamala Harris, disse que se opunha à “anexação” e “expansão” dos assentamentos israelenses.
Na ausência de um entusiasmo esmagador por Biden, alguns do lado palestino saboream a derrota de Trump. Para Nabil Shaath, conselheiro de Abbas, “não houve pior do que a era Trump! Seu fim é uma vitória”.
Fonte: IstoÉ